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POEMAS, MÚSICAS E GIFS POÉTICOS
Uma consulta psiquiátrica com o próprio espelho (É direto, mas profundamente simbólico.)
Autor: D'Bara Arruda
Caríssimo ego,
Sugere-se que, às vezes, o maior ato de cura é o autoesquecimento —
o exílio do próprio ego para que surja o ser em essência.
Patologia do ego.
Resolvi cair no esquecimento,
para ver se desinflama meu ego — e será que tem cura?
Placebo…
Peguei uma virose de elogios contagiantes
e agora estou com minhas vias intelectuais congestionadas.
Tenho febre de grandeza — tipo, mil graus.
Meu orgulho está constipado.
Não está ferido? — Nada.
Já tentei bom senso como laxante,
mas a febre não me ajuda.
Agora tenho dor de consciência,
e cada pensamento lateja
como uma sinfônica de amoralidade.
Me deram o remédio errado —
um tal de complexo de sei-lá-o-quê.
Contra a vaidade, não valeu de nada.
“Sou o melhor em tudo.”
— Seu caso é sério, viu…
Diagnóstico: humano demais para ser um deus
e orgulhoso demais para ser só humano.
É preciso desinflar para expandir.
Não é o ego que respira: é a alma.
E ela só aprende quando o silêncio afoga o grito do espelho.
Recomendo um chá de simancol
três vezes por milésimo,
e uma autorreflexão diária
em uma banheira de gelo racional —
cada cubo: um dogma resolvido.
Se o sintoma não passar em uma hora,
recomendo isolamento total
e distância de bajuladores.
E, se mesmo assim o sintoma persistir…
jogue-se no abismo do silêncio,
onde o ego não sabe nadar
e a alma aprende, enfim, a respirar.
O Ministério da Ridicularização Humana adverte:
Obliterar o ego pode causar transtornos no brilho natural
e altas de baixa estima, causando depressão existencial.
Ego: use com moderação.
Sem ego, você some.
Com ego demais, você é só um eco.
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